Carimbo de Encalhado

Eu não me acho um cara "encalhado". Eu não estou procurando, nunca procuro, acho que estas coisas acontecem, não pode ser forçado. Mas está acontecendo algo engraçado: a maioria de meus amigos com quem mais convivo está namorando e todos eles ficam tentando me arrumar alguém! Eu não acho isso ruim, pelo contrário (além de achar muito engraçado). Acabo assim conhecendo muita gente interessante.

Claro que com a maioria que assim conheço nada acontece pois não sou do tipo que "chega chegando". Gosto da minha vagarosidade, de ser "lerdo", como dizem. Acho tão legal conhecer pessoas, saber de seus gostos, interesses, atividades e tudo o mais. O interesse nasce assim e não apenas de achar alguém fisicamente bonito, ao menos para mim! Mas vez ou outra conheço pessoas que me despertam uma curiosidade maior apenas pela sua personalidade aparente. Chamo, aqui, de personalidade aparente o pré-conceito. É a idéia que você faz de alguém antes mesmo de realmente conhecer este alguém.

E agora fiquei assim, curioso, com vontade de conhecer melhor essa pessoa. Mas, sei lá. Já não tô mais com ânimo de me interessar de novo por alguém e acontecer tudo que sempre acontece. Fiquei um tempo achando que o melhor era me entregar sempre aos meus desejos e vontades,
mergulhar de cabeça, corpo e alma. Isso era mais emocionante, fazia tudo ser mais belo. Mesmo que me machucasse depois, valia a pena. Vivia aquilo com intensidade.

Já dizia minha avó que "de grão em grão a galinha enche o papo". E de machucado em machucado, arrumei uma ferida. Coisa boba, sei, conhecer alguém é algo tão comum. Mas se eu me interesso acabo tornando isso difícil. E agora entre conhecer melhor e me interessar mais e deixar pra lá por pensar que não vai dar certo eu quase escolho a segunda opção. Não quero mais o trabalho de me abrir à toa, de tentar de novo sem sucesso. É deprimente dizer isso. Desistir é para os fracos, os que têm medo... mas eu não quero mais me machucar, pois estou, justamente, com medo!

Parece que eu tô passando pelos desesperos que todo mundo passa na adolescência só agora, com 23 anos de idade. Isso parece coisa de alguém com 15 ou 16 anos. E quando eu tinha 15 ou 16 anos eu não era assim. Pois deveria, quem sabe agora já tivesse a cabeça feita, cabeça que alguém com 23 anos deveria ter.

Poderia esconder isso tudo, não escrever aqui e não contar pra ninguém, mas assim todo mundo sabe o que passa na minha cabeça... essas futilidades, fraquezas, desesperos sem causa... e assim, talvez, desminta a mentira de que sou muitas coisas boas que pareço ser.

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