Muita coisa tem passado pela minha cabeça ultimamente. Muitas dessas coisas me dão vontade de escrever, mas não é bom dizer certas coisas.
Li no nick da Lara que "where words fail, music speaks", o que parece ser uma frase de Hans Christian Andersen, aparentemente um poeta e escritor dinamarquês do século passado (Google, man).
Ótimo, me fez lembrar do subtítulo atual do meu blog... mas não sei que música vai falar por mim. Deveria escrever alguma, sei lá! Às vezes gostaria de ser um filme, assim teria início, meio e fim, enredo, personagens, relações... tudo perfeito pra dar certo no final! Chato, mas não é que todo mundo procura, o final feliz?
Muita gente (me inclua nessa) vive dizendo o quão bela é a vida com suas imperfeições, problemas, surpresas... que o mais importante da vida não é pra onde vamos e sim o caminho que tomamos. Tá, eu posso concordar com isso. Mas não estamos, na verdade, sempre querendo chegar em algum lugar, sentar num sofá deliciosamente confortável, observar o pôr do sol, abrir uma garrafa de refrigerante, olhar para o lado e ver pessoas especiais, pensar em tudo que passamos, sorrir e que venham os créditos!
Acabou, é isso! O caminho foi bom e chegamos onde queríamos com quem gostaríamos de chegar. Lindo, maravilhoso. Mas aí tem a manhã seguinte... o sol já nasceu de novo, as pessoas especiais voltaram pra suas casas, suas vidas e suas pessoas especiais. O refrigerante acabou, o sofá tá uma sujeira só... opa, trabalho, escola... obrigações, sejam lá quais forem!
Temos, simplesmente, que nos encaixar. Não podemos simplesmente ser, ir, amar, observar, ajudar... nossa vida não é mais baseada nas relações humanas. Vivemos para aprender, para então arrumar um emprego e aí ganhar dinheiro e fazer outros ganharem mais dinheiro ainda. Ou nós mesmos é que contrataremos os outros para ganhar mais dinheiro ainda para nós.
Não quero discutir economia aqui, não quero discutir a sociedade e qualquer outra merda. Quero falar de mim, como pessoa, como ser-humano com um maldito cérebro que não sossega! Queria ser independente! Mas não esse independente que você pensou agora, não. Ser independente nos dias atuais é ter seu próprio dinheiro pra comprar seu carro e ir pra onde quiser, comprar uma casa e ter pra onde voltar.
Queria ser independente disso, da vida como ela é! Queria poder viver sem essa responsabilidade, poder focar a minha vida no bem estar das pessoas que me cercam, das pessoas que me amam e que eu amo. E conhecer cada vez mais pessoas, mais cérebros pensantes e inquietos. Mas aí eu estaria à margem da sociedade e talvez fosse visto com "maus olhos". Aí eu não teria dinheiro pra comprar comida e eu não aprendi, definitivamente, a caçar! Aí eu não teria carro pra ver as pessoas que estão longe e nem casa pra convidá-las a vir!
Então eu tenho que aprender (aprender é muito bom, mas não quando isso é uma obrigação) pra saber fazer algo, aí arrumar um bom emprego, aí ganhar uma boa grana e investir, montar meu próprio negócio, pagar alguém para gerí-lo e aí sim, viver do jeito que eu quero!
Vê como nossa vida não é baseada, principalmente, nas relações entre nós? Vê como há entraves para que nos relacionemos? Há? Não dou receitas, não estou certo. Estou questionando! Quero questionar... porque algo não está certo. Não sei bem se é isso, mesmo, mas alguma coisa não está certa. Falta alguma coisa...
Será? Ou eu é que sou o entrave? Ou eu é que deveria entender que a vida em sociedade tem que ser assim, gerida por regras e já que eu nasci numa destas sociedades, não posso mudá-la e tenho que me adaptar? Será?
Já viram o vídeo "Dance, Monkeys, Dance"? Contraria-me:
Então eu sou um macaco insatisfeito. Mas eu quero, sim, apenas ser! Quero ser e quero que todos também sejam! Quem sabe se todos nós apenas sermos não sejamos felizes. Ernest Cline (o autor do vídeo) talvez fique satisfeito e eu também. E todos também! Será?
Na verdade, acho que não! Nunca seremos todos satisfeitos, nunca seremos todos felizes ao mesmo tempo. Não enquanto eu viver, pelo menos. Quem sabe com bilhões de anos de evolução aprendamos... mas quem sabe se cá estaremos, se seremos capazes de nascer, viver, ser feliz e morrer? Os dinossauros, vai ver eles aprenderam a serem felizes juntos... e aí veio o meteoro e danou tudo!
Pensando bem, talvez eu já esteja começando a viver à margem da sociedade. Olha só a hora e eu estou aqui muito bem acordado e sem sono. Aí amanhã a tarde estarei morrendo de sono, provavelmente dormindo, enquanto os que dormem na hora "certa" (no hora que "deve-se" dormir) fazem o que eu tanto quero fazer: viver e se relacionar. Isso é um tiro na minha vida social e contraria tudo o que eu digo querer. Mas me parece necessário. Talvez assim veja o que há de errado, talvez isso seja o errado.
Sinto que toda essa minha viagem tem culpa na minha falta de limites. Sinto que me falta algo ou alguém para me limitar. Quem sabe, então, esse seja o segredo. Talvez a felicidade e o pleno contentamento não existam. Talvez precisemos de um limite, algo que nos prenda, algo que podemos perder e que seja valioso demais. Aí vamos até um limite, mas não o ultrapassamos, pois aí perderíamos o que nos faz feliz. E aí seremos felizes pois teremos aquilo que nos deixa feliz, teremos limite. Perder aquilo nos fará entrar novamente na busca por esse limite, por essa coisa que limite a nossa busca por algo, por qualquer coisa. Falta aquela sensação de "achei".
Cara, é complicado isso, mas faz sentido, e muito. Difícil é explicar o que eu quero dizer. Mas eu sei, tenho certeza, que alguém vai entender o que eu quis dizer. Então que tal me ajudar a expressar isso de uma melhor forma? Que tal concordar ou me contrariar, que tal espalhar ou mudar isso?
Talvez você seja alguém que eu tenha que achar e eu alguém que você tem que achar... talvez... quem sabe? Eu não sei, mas você sabe?
"The monkeys are cursed with conscience."
Não dá pra ter um título, é muita coisa... sei lá...
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2 comentários:
Sensação de limite: sensação de que temos um limite que não podemos ultrapassar. Sem ela não temos limite, não paramos nunca, queremos sempre mais.
E é bom ou ruim querer sempre mais?
Acho que você está ficando louco.
Bom, passei por algo parecido esse tempo atrás (uma crisezinha de querer ser outra pessoa, estar com outras pessoas, querer essa independência que você citou) e você soube, clarou minhas idéias...
Agora vejo que não sairemos disso, dessa inquientação, não encontro remédio, ainda mais pra você!
E mais, lembra de Nietzsche que concordou em aceitar suas dores pois sabia que não seria Nietzsche sem ela? Isso não sai da minha cabeça. É bizarro. Mas concordo
Sobre os limites...
Acho que se contradiz, se aceitar um limite, aceitará que a base está nos relacionamentos e não vai ser independente de como a vida é.
PS: O sofá pode estar no meio do caminho, uma paradinha para se refrescar, não só no fim.
Isso dá muita margem à filosofia...
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